quarta-feira, 27 de abril de 2011

Um pouco de Florbela Espanca

Olá pessoas,

Fui apresentada à Florbela Espanca quando fazia a 8ª série no Colégio Anglo pela minha amiga Vanize Lemos, que adora poesias. Ontem, assistindo Divã com a maravilhosa Lília Cabral, ouvi uma das mais belas poesias de Florbela e resolvi postar aqui, como uma singela homenagem a esta brilhante poetisa portuguesa. Não esquecendo de Fanatismo, que lindamente foi interpretada pelo cantor Fagner, e que eu adoro.


Lágrimas Ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era q'rida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das Primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!


Fanatismo

Minhálma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és se quer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio do Fim!..."

(Florbela Espanca)

Bjs.
Dri.

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